A Europa está numa encruzilhada, já dizia o clichê. Nada mais falso. A Europa vive de encruzilhada em encruzilhada, quer antes quer depois do início do processo de integração que, com o bom senso exigido, o Velho Continente ergueu sobre os escombros da Segunda Guerra Mundial. O que a Europa vive actualmente é muito mais do que uma encruzilhada: é o momento que separa a desagregação comunitária da preservação dos pilares que a têm mantido sem conflitos entre os principais países. A Europa está, se quiserem, a atravessar o seu momento existencial. E o pessimismo justifica-se. A assistir a tudo isto de um camarote de luxo palaciano está Vladimir Putin. Com as botas, fixou territórios na Ucrânia, na Moldávia e na Geórgia. Com a torneira do gás, arrefeceu as respostas de dirigentes políticos em todo o continente. Com a carteira, alimentou uma rede partidária antieuropeísta, antiatlantista, xenófoba, com ódio para dar e vender, proteccionista e cheia de vontade de fazer implodir tudo que temos construído de melhor.